Ex-presidente do TCE teve de acompanhar ainda a quebra de sigilos bancário e fiscal do filho, em inquérito envolvendo a Odebrecht
A confirmação da condenação do ex-prefeito de São José de Ribamar, Gil Cutrim (PDT), pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Maranhão, no início deste mês, aponta para um divisor de águas na história maranhense. O pedetista é filho do ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), conselheiro Edmar Serra Cutrim, conhecido, segundo rumores, como um das figuras públicas mais poderosas dos corredores do Judiciário maranhense — federal, eleitoral e estadual, além do meio empresarial.
Temor de gestores e demais responsáveis pelas finanças do Estado e de Municípios — inclusive, tendo sido acusado pelo Diretório Nacional do MDB, e pelo suplente de senador Edson Lobão, de uso do cargo na Corte para intimidar prefeitos e vereadores a votarem num outro filho, o deputado estadual Glalbert Cutrim, e pular do barco de Roseana Sarney para o de Flávio Dino (PCdoB) —, Edmar sempre conseguiu escapar das barras da Justiça, inclusive com manifestação do Ministério Público Federal (MPF) sobre sua inocência nos casos em que já fora acusado.
Por conta do poder e influência exercidos pelo pai, os filhos engajados na política também eram perfilados como detentores de impunidade. Acreditava-se, em todo o Maranhão, que nenhum deles jamais conheceria o desprazer de uma condenação num tribunal, seja qual fosse.
Quebra de sigilos
Diferentes de diversas outras denúncias, transformadas pelo clã em espécie de perseguição política do Ministério Público, a descoberta do patrimônio invejável — com direito a apartamento no sumptuoso Edifício Murano, três BMW, um Audi Turbo FSI e outras propriedades registradas também nome de sua mulher, Juliana Fernandes Cutrim — foi feita pela promotora de Justiça Elisabeth Albuquerque de Sousa Mendonça.
Ela cuida da comarca situada no município onde Edmar e os outros Cutrim, até outro dia, mandavam.
Para embasar a denúncia, que envolve ainda a famigerada Odebrecht, da Lava Jato, a promotora anexou ao inquérito civil documentos e informações adquiridas por meio da quebra de sigilos bancário e fiscal do ex-prefeito de São José de Ribamar. A quebra foi pedida pela promotora, mas autorização, sem pestanejo, foi feita justamente pela Justiça que, nos bastidores, Edmar era conhecido por mandar e desmandar.